"Os Gigantes da Montanha" na Cornucópia






OS GIGANTES DA MONTANHA, de Luigi Pirandello
De 13 Novembro a 21 de Dezembro de 2008
Teatro do Bairro Alto, Lisboa
3ª a sábado às 21:30h. Domingo às 16:00h


Tradução Luis Miguel Cintra
Encenação Christine Laurent
Cenário e figurinos Cristina Reis
Desenho de luz Daniel Worm D’Assumpção
Distribuição: David Almeida, Dinis Gomes, Luís Lima Barreto, Luis Miguel Cintra, Márcia Breia, Paulo Moura Lopes, Pedro Lacerda, Pedro Lamas, Ricardo Aibéo, Rita Durão, Rita Loureiro, Sofia Marques e Tiago Matias.


Christine Laurent, encenadora na Cornucópia de Diálogos em Roma, Barba Azul, O Lírio, D.João e Fausto e Ensaios para O Ginjal volta à Companhia para encenar Os Gigantes da Montanha, a última peça de Luigi Pirandello, que o autor deixou incompleta e que levanta inúmeras dificuldades e problemas de realização cénica, tanto mais que se conserva inacabada. O tema é a própria Arte, ou a Representação da vida pela Arte. Como nas Seis Personagens à Procura de Autor trata-se de Teatro dentro do Teatro e também da relação do teatro com o público. É uma estranha companhia de teatro quem chega à mansão onde vive refugiado o mágico Cotrone com os seus “azarentos” e todos estão sob a ameaça desses ocultos gigantes da montanha. Uma obra chave da dramaturgia do autor e um fascinante ponto de partida para muita reflexão sobre as artes do espectáculo. Disse Pirandello sobre o seu texto que era “a tragédia da Poesia neste brutal mundo moderno”.

ESTE ESPECTÁCULO
DO ENCANTAMENTO AO PAVOR

«A kind of humorous tragedy.»

É assim que Pirandello qualifica a sua última obra, «Os Gigantes da Montanha», quando está ainda a meio caminho no seu trabalho de escrita.
Humorous/Tragedy, este oximoro anuncia já uma tonalidade paradoxal, uma combinação de sombras e de luz, de encantos e crueldade.
Cotrone, o mágico poeta, porta-voz de Pirandello, convida-nos, do crepúsculo até à madrugada, no espaço duma noite, a rasgar a trama do tempo que passa. O seu território é uma «casa céu». Se se passar a porta, penetra-se num vasto quarto escuro, câmara de eco, lugar de todos os sortilégios.
Para provocar a travessia das aparências e o aparecimento da verdade escondida no fundo de cada um de nós, torna-se encenador. O teatro dele, o seu palco, é o inconsciente. Como Lewis Caroll, diverte-se a fazer com que o Ser e o Parecer se confrontem.
Chega mesmo a fazer reluzir a tentação de se desfazer o parecer para sempre, em proveito da total liberdade do ser. O seu jogo: desembaraçar o impulso vital, reconhecer a pulsão da morte, aceitar os desejos escondidos «nas cavernas do instinto».
O subterfúgio é tanto mais eficaz quanto os seus hóspedes de uma noite são actores. São sete actores, últimos elementos de uma companhia desgastada, arruinada, com falta de um público para quem representar.
Ser e parecer, entre estes dois pólos oscila, precisamente, o trabalho dos actores. Cotrone lembra-lhes que a essência da arte está contida nos jogos dramáticos ou nos jogos divertidos da infância. Acreditar, abandonar-se como as crianças: então tudo se torna possível. E prova-o: in vivo.
Mas no nosso pobre mundo, aquele que Cotrone abandonou há muito, é o princípio de realidade que prevalece. Uma companhia de teatro, fixa ou itinerante, precisa do público para viver e para sobreviver. Esta história expõe-nos o conflito trágico entre as razões irreprimíveis da arte e uma sociedade onde a arte já só tem a justificação do mercado.
Apesar do seu lado utopista e marginal, o mundo de Cotrone e dos seus amigos, os Scalognati, oferece, todavia, traços do real; é um mundo onde se exprime um certo realismo místico, um realismo mágico, e sobre tudo, um realismo metafísico.
Àquela fugitiva tentação de abandono, de renúncia, Ilse Paulse, a grande actriz caída, resiste. Partirá, sozinha, para enfrentar os «Gigantes», enquanto as últimas palavras da peça ficam a ressoar de pavor no meio do ruído crescente: «Tenho medo, tenho medo…»

Será preciso segui-la até ao fim?
Será preciso prestar atenção ao aviso de Cotrone?
Será preciso vencer, ou ceder ao medo dos «Gigantes»?
Porque, finalmente, quem são aqueles «Gigantes»?
O «grande Outro»? As figuras impossíveis de olhar dos nossos medos ancestrais?
Uma parte de nós mesmos…

Christine Laurent
(Trad. LLBarreto)


Tradução Luis Miguel Cintra
Encenação Christine Laurent
Assistente de encenação Manuel Romano
Cenário e figurinos Cristina Reis
Assistentes para o cenário e figurinos Linda Gomes Teixeira e Luís Miguel Santos
Desenho de luz Daniel Worm D’Assumpção
Director Técnico Jorge Esteves
Construção e montagem de cenário João Paulo Araújo e Abel Fernando
Som Hugo Reis
Montagem e operação de luz e som Rui Seabra
Guarda-roupa Emília Lima
Costureiras Maria Barradas, Maria do Sameiro Vilela e Teresa Balbi
Conservação do guarda-roupa Maria do Sameiro Vilela
Contra-regra Manuel Romano
Cartaz Cristina Reis
Secretária da Companhia Amália Barriga



Interpretação
A Companhia da Condessa
ILSE, também chamada A CONDESSA Rita Loureiro
O CONDE, seu marido Ricardo Aibéo
DIAMANTE, a segunda Actriz Sofia Marques
CROMO, o actor característico Luís Lima Barreto
SPIZZI, o Galã Pedro Lacerda
BATALHA, genérico-mulher Dinis Gomes
O LESMA, com a carroça Paulo Moura Lopes

COTRONE, dito O MAGO Luis Miguel Cintra




Os “Scalognatti” ( Os enguiçados)
O ANÃO QUAQUÈO David Almeida
O DUCCIO DOCCIA Tiago Matias
A SGRICIA Márcia Breia
O MILORDINHO Pedro Lamas
A MARA-MARA, com a sombrinha, também chamada A ESCOCESA Rita Durão
MADALENA Rita Durão

FANTOCHES Rita Durão, Pedro Lamas, Tiago Matias




Fotos de Paulo Cintra
Desenhos de Cristina Reis

Comments