Carmen Miranda: Um mito revisitado pelo Teatro Plástico






O Teatro Plástico está a preparar uma série de eventos dedicados à cantora e actriz Carmen Miranda, que inclui um ciclo de cinema, uma peça de teatro e uma exposição nos museus do Traje e do Teatro.

Francisco Alves, director do Teatro Plástico, revelou à agência Lusa que está a trabalhar há mais de um ano numa programação destinada a homenagear uma figura "única e irrepetível" que é "fundamental para a ligação entre Portugal e o Brasil".

O objectivo da companhia teatral do Porto é aproveitar o centenário do nascimento de Carmen Miranda, que se assinala na segunda-feira, dia 09, para dar a conhecer melhor uma artista que foi "pioneira na construção da imagem".

Entre os eventos que o Teatro Plástico planeou conta-se um ciclo de cinema em parceria com a Cinemateca, que decorrerá entre os dias 17 e 21 de Fevereiro co ma exibição de nove filmes que Carmen Miranda fez em Hollywood nos anos 1940 e 1950.

Para Outubro está prevista a estreia, no Porto, de uma peça de teatro para duas actrizes e 12 bailarinos, com encenação de Francisco Alves e texto colectivo do Teatro Plástico.

"Queremos trabalhar sobretudo a relação entre artista e sociedade, entre mulher e mito, a relação enrte corpo e contrução de imagem", disse Francisco Alves, que pretende apresentar a peça também em Lisboa e no Brasil.

Para Outubro está prevista ainda a inauguração de uma exposição nos museus do Teatro e do Traje, em Lisboa, que tentará mostra que Carmen Miranda "foi um grande ícone, para quem a imagem era muito importante", disse o director do Teatro Plástico.

A exposição incluirá figurinos, acessórios e objectos do espólio de Carmen Miranda, que está num museu no Rio de Janeiro, e imagens da actriz nascida num aldeia de Marco de Canaveses.

"Ela foi `bigger than life´ apesar de ter apenas 1,53 metros", exclamou Francisco Alves, lamentando que a carreira de Carmen Miranda não seja sido mais reconhecida em Portugal.

Carmen Miranda (Maria do Carmo Miranda) nasceu a 09 de Fevereiro de 1909 em Várzea da Ovelha, mas passou grande parte da sua vida do outro lado do Atlântico, entre o Brasil e os Estados Unidos.

"Ela era uma minhota à solta no Brasil, portuguesíssima, nostálgica e melancólica", opinou Francisco Alves, para quem Carmen Miranda representava "o lado mais luminoso, mais solar dos portugueses, no oposto de Amália".

Com pouco mais de vinte anos, Carmen Miranda era já uma vedeta no Brasil, tanto na música como no cinema, chamando a atenção de Hollywood, onde chegou a ser uma das actrizes mais bem pagas.

Muitas vezes encarnou uma personagem folclórica, tropical e garrida, de pronúncia acentuada, em musicais na era do Technicolor, sendo conhecidas as interpretações de canções como "Tico-tico no fubá" ou "O que é que a baiana tem?".

"Não nos podemos esquecer que ela começou por ser modista de chapéus. Os turbantes que usou era ela que os fazia, tinha um enorme sentido de estilo e de gosto", disse Francisco Alves.

Carmen Miranda morreu nos Estados Unidos a 05 de Agosto de 1955, com 46 anos, vítima de ataque cardíaco, depois de ter participado num programa televisivo.

Quando o corpo foi trasladado para o Rio de Janeiro, a cerimónia foi acompanhada por cerca de meio milhão de pessoas.
in JN

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