Distinção póstuma a Seara Cardoso releva “dimensão e qualidade” do teatro de marionetas


João Paulo Seara Cardoso fundou o Teatro de Marionetas do Porto em 1988 e o cenário que enquadra esta modalidade artística não voltou a ser o mesmo. A Associação Portuguesa de Críticos de Teatro (APCT) é desta opinião e, três meses após a morte do portuense, distingue-o com o Prémio da Crítica de 2010. O Festival Internacional de Marionetas de Lisboa (FIMFA), que conta já uma década, também é galardoado.

O prémio é dividido. O FIMFA merece por “dez anos de trabalho perseverante e continuado na apresentação, em Portugal, do que de mais interessante e importante existe no Teatro de Marionetas, Objectos e Formas Animadas”, informa a APCT, em comunicado.

A escolha é da responsabilidade de Alexandra Moreira da Silva, João Carneiro, Maria Helena Serôdio e Rui Pina Coelho, os quatro membros do júri que consideram que sem João Paulo Seara Cardoso, desaparecido a 29 de Outubro, na sequência de complicações motivadas por um cancro pulmonar, “o Teatro de Marionetas em Portugal não existiria na sua forma, dimensão e qualidade actuais”.

Na cerimónia de entrega destes prémios, que decorre na tarde de 12 de Março, no Jardim de Inverno do Teatro São Luiz, em Lisboa, a APCT vai ainda atribuir três menções honrosas: a Miguel Guilherme, “pelo brilho e excelência singular na composição” para O Senhor Puntila e o seu criado Matti; a Luís Castro, da companhia Karnart, “pela inspirada e brilhante teatralização do universo de Raúl Brandão”, em Húmus; e a Carla Miranda, Maria do Céu Ribeiro e Miguel Eloy, por “três interpretações justíssimas da partitura” de Howard Barker, em Mulheres Profundas/ Animais Superficiais, na qual “aliam rigor e instinto num trabalho de invulgar qualidade”.
Hugo Torres in "Público"

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